O Seminário de lançamento da Plataforma Narrativas Indígenas (narrativasindigenas.ensp.fiocruz.br) vai acontecer entre os dias 29 e 31 de março. Esta Plataforma cria um espaço de partilha com o objetivo de promover o diálogo intercultural e de visibilidade das lutas por saúde, dignidade, direitos territoriais e preservação da cultura dos povos indígenas. Em cada dia do seminário teremos um debate temático entre intelectuais, lideranças e cineastas, tanto indígenas como da academia.
O seminário ocorre uma semana antes da 18ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), mobilização dos povos originários que levará milhares de indígenas para Brasília. O evento, cujo tema é “Retomando o Brasil: demarcar territórios e aldear a política”, é considerado um dos mais importantes de sua história, pois irá combater os chamados “projetos de morte”, incluindo o julgamento do Marco Temporal pelo STF e vários PLs serão em breve votados pelo Congresso Nacional com o apoio do Governo Federal. Um deles é o PL 191/2020, que permitirá que Terras Indígenas sejam exploradas para mineração, hidrelétricas e projetos de infraestrutura de grande escala.
A produção audiovisual indígena se tornou um importante canal de comunicação dentro das comunidades e ampliou a criação de redes entre as diversas etnias. A plataforma foi criada para visibilizar e fortalecer a construção de uma rede audiovisual indígena do Nordeste, Norte de MG e ES a partir de seus coletivos e realizadores. Pretende-se que a plataforma se constitua num espaço de atuação e protagonismo indígena gerido pelos povos em diálogo com uma academia sensível e co-labor-ativa, assumindo como propósito o compromisso de potencializar iniciativas que já existem, promover uma ecologia de saberes em diálogo com os grupos atuantes nos territórios, assim como incentivar relações de solidariedade entre os povos com a sociedade visando fortalecer suas lutas sociais.
Debates
Audiovisual Indígena como estratégia de visibilidade de seus saberes e lutas (29 março – 15h às 17h30)
A produção audiovisual indígena, produzida por vários coletivos, têm divulgado narrativas contra hegemônicas sobre seus saberes, práticas e lutas relacionadas aos seus modos de vida e suas cosmologias. Uma das expressões desse audiovisual é o que diversos cineastas indígenas denominam de Cinema de Guerrilha, pois suas lutas territoriais e por existência enfrentam genocídios e injustiças tanto ambientais, como cognitivas e históricas.
Coordenação: André Monteiro, Lasat/Fiocruz-PE
Participação:
- Alexandre Pankararu (Apoimne)
- Kleber Xukuru, Povo Xukuru de Ororubá
- Vanuzia Pataxó, Pinapõ upâ jokana Pataxó
Agroecologia e agricultura do sagrado nos territórios (30 março – 15h às 17h30)
Este debate se propõe a refletir, sob uma perspectiva da interculturalidade, as distinções e convergências entre a agroecologia e a agricultura do sagrado nos territórios, tal como denominam algumas lideranças indígenas. A agroecologia emerge a partir de um diálogo entre movimentos sociais camponeses, ONGs e academia, desde uma crítica à produção industrial em larga escala e do pacote químico que caracteriza o agronegócio. Por outro lado, a agricultura do sagrado recupera práticas ancestrais, e com acesso aos encantados que orientam suas práticas agrícolas numa visão holística, já que não separam vida, técnica e natureza, tampouco os mundos material e espiritual.
Coordenação: Wanessa Gomes (UPE)
Participação:
- Iran Xukuru Povo Xukuru de Ororubá
- Olinda Tupinambá, Indígena Tupinambá e Pataxó hãhãhãe
- Natalia Almeida (VPAAPS/Fiocruz)
- Juliano Palm (Neepes/Fiocruz)
Diálogos interculturais na produção de conhecimentos (31 março – 15h às 17h30)
O foco deste debate é compartilhar e refletir sobre os avanços epistêmicos e metodológicos alcançados através de diálogos interdisciplinares e interculturais que englobam sujeitos da academia, organizações locais e movimentos sociais envolvidos em lutas indígenas nos territórios.
Coordenação: Marina Fasanello, Neepes/Fiocruz
Participação:
- Marcelo Firpo, Neepes/Fiocruz
- Guilherme Franco Netto, Fiocruz
- Elisa Pankararu, Apoinme
- Marcelo Tingui, Povo Tingui-Botó