Nosso sangue está virando soja – IV Jogos indígenas de MG
Núcleo/Coletivo: Etnovisão
Direção: Edgar Correa Xakriabá
Etnia: Xakriabá
Ano: 2016
Duração: 3 minutos
Lutar por seus direitos, sua cultura, sua dignidade, suas vidas. Resistir à dor do sangue derramado dos parentes, ao roubo de suas terras, à destruição do meio ambiente, à uma cultura egoísta e individualizante de desprezo pelo outro e pelos outros seres vivos. O audiovisual indígena é movido antes de tudo pela urgência. Os filmes são armas de luta, são flecha e escudo. São arcos que impulsionam a sua palavra, o seu canto, contra as opressões da cultura dominante. Resistir através das imagens! Neste programa apresentamos obras que trazem críticas contundentes ao tratamento bárbaro que os povos indígenas foram submetidos pelos brancos “civilizados” e o poder público; que rememoram lutas e resistências do passado como guia para o presente e o futuro; que refletem sobre o racismo estrutural a que são acometidos; mas que também carregam em si uma outra urgência: a de serem vistos e ouvidos.
Vídeo manifesto contra o Marco Temporal - em sua articulação política e de comunicação a favor das lutas, os Fulni-ô usam as armas da publicidade dos brancos para afirmar as suas narrativas. Não existe essa ficção jurídica chamada de marco temporal. A história indígena começa muito antes de 1988. O marco temporal é injusto e falseia a realidade.
Nosso sangue está virando soja - IV Jogos indígenas de MG - é um vídeo de apoio ao povo Guarani Kaiowá. Uma mulher fala de forma contundente e indignada. Ela recorda todas as violências e restrições impostas aos povos originários desde a chegada dos europeus. As imagens mostram que os alvos da competição de arco e flecha são retratos de políticos e inimigos dos indígenas, um simulacro de seu campo de batalha.
Guerreiros Tinguí Botó - os indígenas da Aldeia de Feira Grande/AL filmam pela primeira vez. A sensação de que, quem filma e quem atua, têm essa relação inicial com o cinema e, ao mesmo tempo, uma urgência por se expressar através dele, tornam a obra muito impactante. O discurso é bastante claro e consciente: nós vamos provar que somos indígenas e as provas que carregamos importam para nós e para nossa cultura. Um filme experimental. Um filme de guerrilha. Um filme de amor e orgulho em serem como são.
Kri wai apkrê: desenhando moradas com território - Pajé Vicente Xakriabá pinta sua casa de alvenaria junto com a comunidade. O pajé improvisa um canto de trabalho falando da pintura e, que a cultura Xakriabá não pode acabar. O filme transparece o gesto firme e quase desesperado, de manter os símbolos de sua cultura vivos, mesmo diante da situação de vulnerabilidade que vivem. Aqui, o ato de filmar incentiva a ação, o encontro. E a ação, o encontro incentivam a realização do filme.
Tinguí-Botó: Sofrimento, lutas e conquistas de um povo guerreiro - é um documentário, que sintetiza, a partir de depoimentos, a trajetória de dificuldades e sofrimento do povo Tinguí-Botó por seus direitos. O discurso se repete, mas cada reafirmação de um novo depoente com a mesma narrativa, reforça e comprova as dificuldades que viveram. As terras foram conquistadas, um pequeno território, que está sempre em risco diante dos políticos e poderosos. A luta é constante, mas a esperança se mantém pelo engajamento dos jovens.
Minha Alma não tem cor - aborda um dos grandes desafios enfrentados pelos povos indígenas: o racismo. Grandes nomes de lideranças indígenas no Brasil como Aílton Krenak, Sônia Guajajara, dentre muitos outros falam sobre este assunto, contextualizando-o historicamente, desde a colonização pelos europeus que chegaram ao Brasil até os dias atuais e refletem sobre o triste cenário de discriminação que ainda vivemos.
Núcleo/Coletivo: Etnovisão
Direção: Edgar Correa Xakriabá
Etnia: Xakriabá
Ano: 2016
Duração: 3 minutos