A voz indigena
Núcleo/Coletivo: Casa de Cinema, Orurubá Filmes
Direção: Coletiva
Etnia: Xukuru
Ano: 2018
Duração: 3 minutos
Os filmes desta sessão foram realizados no contexto da oficina de realização audiovisual Cinema de Índio, produzida pela Casa de Cinema de Olinda e, realizada entre 2018 e 2019, em diversas etnias no nordeste brasileiro. Eles foram criados a partir de alguns eixos temáticos como política, religião, mulheres, índio não é fantasia e memória e, tiveram uma realização coletiva. Esse recorte traz obras de 9 etnias e revela uma diversidade de formas narrativas e do uso da linguagem audiovisual, que traz os traços singulares de cada um desses povos.
Mãos - mostra em plano de detalhe, as mãos de pessoas se cumprimentando. Através dos adereços nos braços e mãos (relógio, pulseiras, aliança, tatuagens) e do tom da pele, percebemos um aperto de mão simbólico, maior, entre as raças, as classes e as religiões. Quando nos unimos somos fortes.
Filme de Terror - promessas eleitorais do então candidato à presidência da república, Jair Bolsonaro, dizendo que o Brasil precisa explorar as riquezas das terras indígenas são ficcionadas como um filme de terror. O filme é uma mensagem aos candidatos. Quem não pode com a formiga não assanha o formigueiro.
A voz indígena - mistura de ficção e documentário. O filme nos leva para dentro da casa legislativa, num plano sequência junto com os Xukuru, que adentram o corredor da casa num protesto. Na sala do deputado, uma jovem Xukuru que discursa exigindo seus direitos constituídos e pedindo respeito. Aqui já estamos no regime da ficção e, o deputado olha atônito para a jovem sem saber o que dizer. Voltamos para fora da sala e, as guerreiras e guerreiros cantam e dançam em roda. Essa casa também é nossa.
Índio Não é Fantasia - ficção bem decupada e bem encenada com uma solução narrativa típica dos contos de fadas, das histórias orais. Ao dormir, o indígena tem seus ornamentos roubados e transformados em fantasia. O filme representa uma das formas de apropriação cultural questionada pelos povos indígenas.
Índio com Diploma - Célio Kambiwá e outras pessoas contam como o acesso à educação é dificultado e, que os mais de 150 indígenas que se formaram na universidade, não tiveram seus diplomas liberados pelo MEC. Ele problematiza se está fazendo diferença um índio ter diploma e, acha importante esse paradigma ser quebrado e que os cursos não sejam só na área da educação. Os indígenas combinaram de todos os dias antes da aula dançar o toré, uma forma de se unirem para serem respeitados
Casa de Oração - Pajé João Miguel e Nenem de Senhor contam a história da construção da casa de oração a pedido de um encantado e, os ataques que a casa de oração sofreu pelos brancos em disputas de terra. Falam de sua relação com as matas, a terra e o céu, e de preservar os valores individuais, mas mantendo respeito pelo coletivo.
Minha fé em Deus - Ione Atikum conta sobre sua história de fé e autoconhecimento. Após abandonar a igreja evangélica por não poder viver as tradições espirituais de seu povo, sofreu discriminação do antigo grupo, mas afirmou ainda mais as suas crenças pessoais, que concilia a crença em Deus do cristianismo com a religião Atikum.
Índio da Cor de Canela - um pequeno perfil de Humberto Atikum, jovem de descendência indígena e quilombola que estava tendo orientação espiritual nas tradições de seu povo, mas também no espiritismo.
Missões - simboliza o ser indígena refletido sobre o cristianismo compulsório.
Índio não é fantasia - filme híbrido, entre o documentário e a ficção, que mostra duas jovens youtubers brancas, ensinando um make indígena, a tendência do momento para o carnaval. As jovens Kapinawa vêm esse vídeo e deixam um comentário no chat pedindo respeito por sua cultura. Um jovem indígena grava um vídeo explicando que índio não é fantasia. As blogueiras gravam um novo vídeo apoiando as causas indígenas e reconhecendo que índio não é fantasia.
Carango - duas garotas forjam estar dirigindo um carro e contam de como era o transporte sem carros. Entendemos depois que o carro é uma caçamba antiga, sem rodas. Aquele foi o primeiro carro utilizado pelos Pipipã para se transportarem ao local onde realizavam o Aricuri. Um vídeo afetivo sobre essa recordação e, a valorização daquilo com que se relacionam.
Cuaqui - é um retrato de Zé Carinhanha, juremeiro que comenta o processo de fabricação do cuaqui a partir do tronco da jurema. Enquanto ele fala, observamos seu trabalho com a madeira para fazer um cachimbo.
Dona Joaquina - homenagem em duas cenas à antiga parteira e liderança Pankará. Na primeira, Dona Joaquina fala de sua relação com o toré na infância e relembra de um sobre o Atikum. Na outra cena, sua neta canta o mesmo toré numa roda com a família junto de Joaquina. Dois planos que unem toda uma ancestralidade.
Núcleo/Coletivo: Casa de Cinema, Orurubá Filmes
Direção: Coletiva
Etnia: Xukuru
Ano: 2018
Duração: 3 minutos
Núcleo/Coletivo: Casa de Cinema, Orurubá Filmes
Direção: Coletiva
Etnia: Xukuru
Ano: 2018
Duração: 4 minutos