Natureza e Meio Ambiente: visões e conflitos

Seja pelo discurso crítico que analisa o comportamento humano e a destruição ambiental, que tornam o planeta inviável para as próximas gerações humanas e, que alerta para a urgência de mudanças na relação dos humanos com a terra, os seres vivos e entre os próprios humanos; seja pela intervenção na micropolítica da sociedade, na relação horizontalizada com os outros seres vivos e com seres invisíveis; seja pelo desejo e pela fabulação de um mundo onde a natureza é forte e viva, os filmes desses realizadores indígenas espelham a atuação cotidiana dos povos indígenas pela preservação da natureza. Com a força dos espíritos a seu lado, eles lutam e reconstroem o mundo todos os dias. E alargam um pouco mais o céu para que continuemos vivos.

Xakriabá - Reconstrução do Mundo - animação simples e bonita. Enquanto a natureza é destruída, a Onça Protetora (Xakriabá) tenta proteger o que ainda resta, expulsando a "ideia de desenvolvimento a qualquer custo", tentando reconstruir um novo mundo.

Equilíbrio - o discurso da Kaapora, uma entidade espiritual indígena, norteia a discussão crítica da relação destrutiva de nossa civilização com o único planeta conhecido que tem suporte para a vida e, do qual nós mesmos dependemos para continuar nossa existência enquanto espécie. A narrativa é composta também por fotos e imagens de arquivo impactantes, que mostram a poluição, queimadas, destruição ambiental, desmatamento e monocultura. Um alerta lúcido e preciso sobre a relação do ser humano com o planeta.

Xokxop Pet - filmado no Jardim Zoológico de Belo Horizonte, onde estão animais que fazem arte de um ritual que há muito tempo não se realiza na aldeia Maxakali. Isael, Sueli, Voninho (aprendiz de pajé) e outros parentes cantam seus yãmîy (cantos sagrados) em homenagem aos animais no cativeiro.

Era uma vez tudo verdim - animação muito bem realizada, com desenhos e roteiro realizados por crianças Pankararé de uma escola pública na Bahia. Apesar da ausência de chuvas na região, as crianças narram um sertão todo verde onde o ser humano não está no centro do universo e não é maior ou melhor que os pés de Jatobá, animais e pedras. Usam cantigas tradicionais para compor a trilha sonora.